29.4.13

Prólogo

                                                   Prólogo  







Eu acordara  naquela manhã um pouco entorpecido, minha janela que batia incessantemente  devido ao vento que uivava como lobos,   talvez fora  a causa do mal estar que sentia, afinal não costumava acordar tão cedo – as quatro da manhã –  e por estranho que parecesse, ainda que não estivesse me sentindo bem, eu me sentia confortavél.  O vento assoviava quase que em um tom ensurdecedor,  mas  aquilo realmente não me incomodara.  Tudo estava escuro , minha visão negra e desfocada,  não enxergava um palmo a minha frente,  então acendi a lamparina  velha  que havia ganhado de minha avó, era velha mas fazia seu trabalho. Sua tocha era fraca como de costume e devido ao meu relaxo havia manchas de sujeira que  causavam sombras no quarto. Assim que me levantei  me senti pesado, como se carregasse algo sobre a cabeça, naquele ponto já comecei a acreditar que tivesse pego algum resfriado ou virose, mas ainda sim continuava me sentindo extremamente confortavél. Enfim fui até a janela para  dar uma olhada  no tempo, olhei para o céu   e me assustei, algo não estava certo , as nuvens  estavam negras e carregadas, porém pareciam formar rostos em expressões de agonia e desespero – era de deixar qualquer um boquiaberto – o frio consumia  minha pele  adentrando-se  em mim  como um veneno e o ar estava pútrido, fedia como as carcaças  que os caçadores da região costumavam deixar  no interior da floresta.- Malditos caçadores, aposto que andaram caçando pelo vale.Era proíbido caçar próximo á vila,  mas naqueles dias os caçadores andaram abusando  das regras da vila – eu já começara a entender o meu mal estar – mas ainda sim  havia algo mais estranho no ar que tentava entender. Fui até a cozinha , estava com fome, e decidi preparar o meu café da manhã, não conseguia comer muito pela manhã, então como de costume tomava uma xícara de café preto e  comia um pedaço de bolo de vinho doce que aprendera a fazer com minha avó.  Porém um estrondo interrompeu o meu desjejum. - Hora essa, mas o que será que está se passando nessa vila? . – disse a mim mesmo. – parece que vai ser um dia daqueles.Retornei a  janela  para  ver o que acontecia, olhei para os lados, olhei rumo a casas dos Van lars – aquela família estava sempre causando confusão , com excessão de Anne -  nada havia, mas podia sentir cheiro de confusão vindo de lá. Comecei a me preocupar com Anne – ah sim, Dianne, Dianne Van Lars , a garota mais meiga e generosa que havia conhecido, sentia um amor platônico por ela mas  sabia que ela nunca iria me notar, pelo menos não o quanto a admirava. -  foi então que me virei rumo a porta  e me deparei com aquilo.Havia aquele homem , na verdade não sabia se era um homem ou uma mulher, mas havia aquele sujeito parado na minha frente, vestia um manto negro e seu hálito tinha o mesmo cheiro pútrido que havia sentido mais cedo. Eu fiquei paralisado, não conseguia me mover e aquele frio venenoso começava a tomar conta de mim novamente, o peso que sentia sobre minha cabeça começara a ficar mais e mais pesado. Era doloroso ficar de pé, eu quase que podia sentir a alma do sujeito, me chamando, clamando pela minha alma, minhas lembranças boas  pareciam estar sumindo da minha mente e sentia como se minha vida estivesse no fim. Caí sobre o chão úmido, mal conseguia respirar,  sentia o frio na minha garganta  congelando  tudo por dentro e  expandindo-se como os espinhos das roseiras da vila. O individuo deu um passo a frente  e  senti meus olhos arregalarem, pude ver sua mão,  negra e magra e parecia vestir couraças  como se fossem parte de uma armadura ,  suas unhas pareciam estar podres e  insetos caminhavam sobre a mão  dele .  Havia mariposas negras voando ao redor  da coisa. –  aquele sujeito não pertencia ao mundo dos homens. –  O medo  já havia tomado conta de mim por completo, naquele dia sabia que não veria Dianne e nem a vila mais.

2 comentários:

  1. Fiquei curioso para ver o segundo capítulo, belo prólogo!! Continue escrevendo pois está muito interessante!!!

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