Carta aos leitores ...
...Antes de ler, há algumas dicas e informações que gostaria de dar a vocês. as postagens seguem uma ordem de data decrescente, ou seja, de uma data específica para datas mais antigas, de modo que fique organizado do capítulo primeiro para os seguintes capítulos, dessa forma buscando evitar eventuais *spoilers* da trama. Portanto sempre que abrirem o Blog a primeira postagen será sempre o Prólogo.
Boa leitura, atenciosamente J.C.
Lâminas Da Alvorada
A página é destinada a publicação do livro online Lâminas Da Alvorada. Acompanhe aqui as desventuras de Ben, Lone e Irvin , e a transformação de suas vidas pacatas no ínicio de suas aventuras desbravadas pelas Lâminas Da Alvorada. Escrito por J.C. Ribeiro
1.5.13
29.4.13
Prólogo
Prólogo
Eu acordara naquela manhã um pouco entorpecido, minha janela que batia incessantemente devido ao vento que uivava como lobos, talvez fora a causa do mal estar que sentia, afinal não costumava acordar tão cedo – as quatro da manhã – e por estranho que parecesse, ainda que não estivesse me sentindo bem, eu me sentia confortavél. O vento assoviava quase que em um tom ensurdecedor, mas aquilo realmente não me incomodara. Tudo estava escuro , minha visão negra e desfocada, não enxergava um palmo a minha frente, então acendi a lamparina velha que havia ganhado de minha avó, era velha mas fazia seu trabalho. Sua tocha era fraca como de costume e devido ao meu relaxo havia manchas de sujeira que causavam sombras no quarto. Assim que me levantei me senti pesado, como se carregasse algo sobre a cabeça, naquele ponto já comecei a acreditar que tivesse pego algum resfriado ou virose, mas ainda sim continuava me sentindo extremamente confortavél. Enfim fui até a janela para dar uma olhada no tempo, olhei para o céu e me assustei, algo não estava certo , as nuvens estavam negras e carregadas, porém pareciam formar rostos em expressões de agonia e desespero – era de deixar qualquer um boquiaberto – o frio consumia minha pele adentrando-se em mim como um veneno e o ar estava pútrido, fedia como as carcaças que os caçadores da região costumavam deixar no interior da floresta.- Malditos caçadores, aposto que andaram caçando pelo vale.Era proíbido caçar próximo á vila, mas naqueles dias os caçadores andaram abusando das regras da vila – eu já começara a entender o meu mal estar – mas ainda sim havia algo mais estranho no ar que tentava entender. Fui até a cozinha , estava com fome, e decidi preparar o meu café da manhã, não conseguia comer muito pela manhã, então como de costume tomava uma xícara de café preto e comia um pedaço de bolo de vinho doce que aprendera a fazer com minha avó. Porém um estrondo interrompeu o meu desjejum. - Hora essa, mas o que será que está se passando nessa vila? . – disse a mim mesmo. – parece que vai ser um dia daqueles.Retornei a janela para ver o que acontecia, olhei para os lados, olhei rumo a casas dos Van lars – aquela família estava sempre causando confusão , com excessão de Anne - nada havia, mas podia sentir cheiro de confusão vindo de lá. Comecei a me preocupar com Anne – ah sim, Dianne, Dianne Van Lars , a garota mais meiga e generosa que havia conhecido, sentia um amor platônico por ela mas sabia que ela nunca iria me notar, pelo menos não o quanto a admirava. - foi então que me virei rumo a porta e me deparei com aquilo.Havia aquele homem , na verdade não sabia se era um homem ou uma mulher, mas havia aquele sujeito parado na minha frente, vestia um manto negro e seu hálito tinha o mesmo cheiro pútrido que havia sentido mais cedo. Eu fiquei paralisado, não conseguia me mover e aquele frio venenoso começava a tomar conta de mim novamente, o peso que sentia sobre minha cabeça começara a ficar mais e mais pesado. Era doloroso ficar de pé, eu quase que podia sentir a alma do sujeito, me chamando, clamando pela minha alma, minhas lembranças boas pareciam estar sumindo da minha mente e sentia como se minha vida estivesse no fim. Caí sobre o chão úmido, mal conseguia respirar, sentia o frio na minha garganta congelando tudo por dentro e expandindo-se como os espinhos das roseiras da vila. O individuo deu um passo a frente e senti meus olhos arregalarem, pude ver sua mão, negra e magra e parecia vestir couraças como se fossem parte de uma armadura , suas unhas pareciam estar podres e insetos caminhavam sobre a mão dele . Havia mariposas negras voando ao redor da coisa. – aquele sujeito não pertencia ao mundo dos homens. – O medo já havia tomado conta de mim por completo, naquele dia sabia que não veria Dianne e nem a vila mais.
27.4.13
Capítulo 1
Sementes da Alvorada
voltando dias antes do acontecido, eu estava chegando a aldeia, pois acabara de voltar da minha viagem a aldeia dos Mortis que ficava do outro lado da Colina Azul trazendo mantimentos e ferramentas para o conserto do telhado – finalmente ia consertar o estrago que aquele maldito pinheiro fez . - , junto de mim vinha Lone Evans e o “comediante” Irvin Sanders – o maldito era insuportável com suas piadas e ficara a viagem toda importunando-nos com suas histórias de sua “exímia” arquearia. - e também o escandaloso cão de Lone, Verní. Estávamos há mais ou menos um quilômetro longe de nossa vila e a estrada ainda estava coberta de lama e barrenta das últimas chuvas – que nessa época eram constantes. – e a carroça prosseguia com dificuldade e por Deus, eu não aguentava mais o seu balancear, sem contar o riso de Irvin sanders que entrava na minha cabeça como uma vespa de Volsmar. Apesar de tudo Irvin e Lone eram bons amigos, estiveram comigo desde a adolescência e eu sabia que estariam sempre que precisasse.
A carroça parou de repente e os cavalos relincharam , Irvin calou-se e me olhou com ar de desconfiança.
- Ora Ben , esses cavalos fazem o que querem graças a mordomia que você os da! – me acusou como se eu fosse o culpado. – Ben Strider o “grande” adestrador de cavalos. – Irvin me chamava assim sempre que os cavalos desobedeciam-no. – Vou ver o que se passa com esses pangarés.
Irvin desceu da carroça e Lone ria de sua cara.
- Ora ora... Irvin o piadista sendo piada de cavalo. – Lone zombava de Irvin e eu ajudava nas risadas. - dê um jeito nisso e vamos embora Irvin.
Irvin olhara na estrada e não havia nada, os cavalos só estavam assustados, em seguida Verní começou a latir desesperadamente, seus olhos fitavam algo em meio a um monte de folhas secas que haviam caído das árvores da beira da estrada e ali ficaram . Verní saltou da carroça como um cervo fugindo de um lobo. O cão de Lone correu até as folhas secas e enfiou o focinho ao meio como se estivesse procurando algo que deixara ali em outrora. Lone chamava Verní de volta para a carroça mas o cão não dava atenção alguma ao seu dono. Lone resolveu descer da carroça e ir até o monte de folhas para dar uma olhada no que Verní tanto fuçava. Lone agachou-se perto das folhas secas . Assim que o fez Verní saltou para trás assustado e deu um grito de dor, Caaiinnn. Todos nós nos assustamos naquele momento, pensamos que poderia ser um porco-espinho da névoa ou talvez fosse uma serpente-vanírica . Ouvi o tinir da espada de Irvin, ele a desembainhara, pronto para dar um golpe certeiro. Lone também desembanhou sua espada e com sua lâmina enferrujada ele cutucou com cuidado o monte e afastou as folhas com o devido cuidado, não queria ser picado por uma serpente-vanírica – as serpentes-vaníricas possuem um veneno que causa uma dor insuportavél em suas vítimas, não é mortal, mas desagradavél . – até que Lone sentiu sua espada encostar em algo. era o som de dois metais se encostando, Lone afastou as folhas e pegou uma lasca de aço um pouco menor que uma maçã. O aço era tão gelado que queimou os dedos de Lone em menos de dois segundos que o segurara.
Eu já havia descido da carroça e estava ao lado de Irvin.
- Que espécie de aço é esse? – Lone perguntou a sí mesmo - É tão frio quanto o gelo, e tão ardente quanto o fogo.
- O que achou aí Lone? Deixe-me ver isso aí. – perguntou Irvin com seu jeito impaciente.
- É um pedaço de aço Irvin, um estranho pedaço de aço. Vej... Não toque seu tolo! Isso vai queimar sua mão!
Irvin olhou para Lone sem entender nada.
- Do que diabos está falando Lone?
- Estou falando desse pedaço de aço, que na verdade mais parece um pedaço de gelo incandescente. De onde será que veio isso?... acho melhor levar para o velho Ancião da aldeia.
- Dê-me aqui Lone. – embrulhei o aço num pedaço de pano rasgado e guardei no bolso de dentro da minha túnica - melhor irmos andando, não quero pegar outro dilúvio nas costas.
Todos subimos na carroça e seguimos a estrada de lama entre os pinheiros marcias que levava até nossa aldeia. A aldeia era um lugar tranquilo, não havia muitos aldeões. Onze casebres povoavam o escampado de sapézal. Do alto da estrada podia-se ver a fumaça que emergia das fogueiras onde os caçadores costumavam estender suas caças em enormes varais para que fossem defumadas. Cada família era responsável por uma tarefa na vila.
Os Connies eram a família de pescadores da vila, os Gibarans eram os caçadores mais habilidosos da vila, os Van Lars possuíam os melhores lanceiros. Os Van Lars tinham a tarefa de vigiar os limites da floresta. E eu... bem, eu sou nada mais, nada menos, que um Strider.
Nós os Striders eramos os fazendeiros da fazenda, plantavamos e colhiamos tudo que era consumido na aldeia. A cerveja, o vinho, as abóboras, os pêssegos e até mesmo o hidromel era feito por nós. Meu avô Brailin era o único que ainda preservava o método antigo da fabricação de hidromel, ele o chamava de Néctar da Aurora.
Na aldeia as quatro famílias se completavam e de certa forma faziam com que fluísse uma certa harmonia por toda a vila que era evidênciada pelas festas da colheita.
Além dos onze casebres, havia a minha cabana, que ficava mais afastada, logo após o moinho de vento da aldeia. Eu gostava de morar sozinho, era uma cabana simples, mas muito aconchegante, passava meus dias alí junto a lareira quando não estava cuidando dos cavalos ou ajudando meu avô a preparar o seu hidromel.
- Ha! Finalmente chegamos a aldeia, meu traseiro já estava ficando dormente Lone! – Irvin estava feliz em estar em casa . –
A carroça trepidava pela descida de pedras e Lone conduzia os cavalos com cuidado. As crianças da aldeia rodearam a carroça com risadas e pulos, elas sabiam que trazíamos provisões e materiais que trocamos na aldeia dos Mortis, talvez esperassem que trouxéssemos brinquedos ou algo do tipo.
Ao pararmos a carroça Ilys Gibaran veio até nós com seu arco e sua aljava nas costas num passo apressado e um rosto de frustração.
- Onde estão minhas flechas bando de inúteis?
- Se somos inúteis por que nos manda sempre pra fazer a troca? – Lone retrucou –
- Eu mando quem eu quiser e quando quiser. Fui encarregado disso. Agora passe me logo as flechas!
- Faça bom proveito Ilys ... barba de bode - Lone sussurou cassoando. –
- O que disse moleque?
- Nada, deve ser o vento cantando nos cumes. Irvin riu e se calou assim que o olhar de Ilys o cruzou.
Todos ajudavam a descarregar a carroça, nela havia tudo que não podiamos produzir, rastelos , machados , túnicas , mantos, tijolos de barro, fumo, temperos diversos, ervas medicinais e muito mais.
A chuva começou a cair sobre nossas cabeças e as ultimas caixas de provisões eram descarregadas, a chuva era gelada e espantou todos para dentro de seus casébres, uns se abrigavam da chuva enquanto outros recolhiam os rebanhos de cabras. Eu seguia para a minha cabana após descarregar as últimas caixas quando ouvi um chamado.
- Ben! – era Taryn, o filho mais velho de Allastyr e irmão de Dianne - o velho quer ve-lo essa noite. Vá à cabana central.
- Sim senhor – respondi imediatamente sem rodeios - estou in...
- Não agora seu estúpido, pelo amor dos Deuses, tome um banho, você está cheirando a cachorro molhado.
- Sim senhor. – Taryn era alto e possuía longos cabelos dourados, e sua barba era respeitável,grande com pontas levemente alaranjadas ,era o melhor guerreiro da família Van Lars, sua lança carregava a insígnia Van Lars, uma águia negra com três flechas no bico e uma serpente sendo levada como prêsa em suas garras. Uma cicatriz cruzava o rosto de Taryn, para ele talvez fosse um troféu, mas para a maioria era amedrontador.
- E não se atrase, o velho não gosta de esperar. – ressaltou Taryn – traga uma garrafa de hidromel o velho certamente vai gostar.
Eu segui meu caminho por trás do moinho para minha cabana, a chuva estava realmente gelada naquele fim de tarde, o moinho girava lentamento devido ao vento que vinha das montanhas. Seguia a estradinha de lama e logo avistei minha pequena e encharcada cabana, com seu telhado leste estraçalhado pelo pinheiro que já havia retirado. Dentro da cabana a primeira atitute que tomei, foi a mais sábia que podia ter tomado naquele dia, urinei no meu penico e aliviei a aflição que me atormentara desde que tínhamos começado a descarregar aquela carroça. Mais tarde após o banho, vestia minha túnica e fiquei imaginando o que o velho queria comigo, Afinal de contas, eu não era de grande importância . O velho , todos o chamavam assim, pelas costas é claro, ele era na verdade o ancião da aldeia, era ele quem aconselhava os patriarcas das famílias e os jovens que cresciam na aldeia que não demonstravam nenhuma habilidade com a rotina da aldeia. As vezes havia reuniões com toda aldeia, onde o velho contava histórias e dava sermões sobre como nos portar ou como agir de forma a não desrespeitar os Deuses. Alguns acreditam que o velho podia conversar com alguns Deuses, outros acreditam que ele podia prever o futuro da aldeia, e outros, como eu, só acreditam que ele não passa de um velho mesmo.
Mas nesse dia eu havia ficado incomodado com o convite do velho, que mais soara como uma ordem. Eu havia falado com o velho algumas vezes, geralmente era sobre a colheita, outras vezes ele insistia que já estava na hora de eu tomar uma esposa, o que eu adoraria, contanto que fosse com Dianne, mas nunca mencionei nada sobre ela.
A chuva estava parando enquanto eu vestia minha túnica, parou assim que vesti minhas botas e já estava pronto para ir,depois, de um pedaço de pão e um copo de vinho é claro.
No caminho até a cabana do velho encontrei Lone no caminho, estava entusiasmado, segurava uma espada, nunca tinha a visto.
- Gostou da minha nova espada Ben? – Lone me perguntou com um sorriso - Meu pai acabou de fazer a têmpera no óleo de baleia que trouxemos. Ei, porque não abrimos essa garrafa de hidromel para comemorarmos.
- Muito esperto Lone, mas você sabe que ela é para o velho.
- Ah sim, é verdade, o que acha que o velho quer com você?
- Não sei Lone, provavelmente algo sobre a troca mercante que fizemos, ou talvez algo sobre a aldeia dos Morthis.
- Mas , e então, o que achou da minha espada? - Lone levantou a espada, era reluzente e havia um baixo relevo no meio da lâmina, era uma espada muito bonita, o pai de Lone era um ótimo ferreiro, geralmente fazia ótimas espadas, outras vezes podia se ouvir discussões entre ele e os lanceiros Van Lars reclamando de suas lanças curvas ou seus punhais. Mas geralmente seu trabalho era admirado por todos da aldeia. –
- É uma bela espada Lone, mas de que adianta ter uma espada se nunca as usa em nenhuma batalha? - Lone olhou pra mim com aquele olhar de desprezo, Lone podia não ter lutado nenhuma batalha, mas ele era o melhor espadachim que eu já havia visto. - Calma Lone não precisa se zangar.
- Não estou zangado Ben, as piadas vindas de um plantador de batatas não me incomodam HA!.
Lone e eu prosseguíamos para a cabana do velho quando escutamos um urrar esbravecido. Ao olharmos para trás lá estava ele , o encrenqueiro, Illys Gibaran.
- Acha que pode desperdiçar meu ouro como se fosse estrume de cavalo seu moleque! - Illys urrava com sua voz rouca e vinha em direção a Lone com a espada em mãos - .
Illys levantou a espada acima de sua cabeça e deu o primeiro golpe, tão feroz quanto seu rosto, mas Lone rapidamente ergueu sua espada defendendo o golpe. Fagulhas esvoaçaram quando as espadas se tocaram, e logo outro golpe era desferido sem piedade e Lone recuava e recuava a cada golpe. Eu também havia recuado e não me atrevia a meter a cara na briga, o máximo que iria conseguir provavelmente era ser desmembrado pela espada de Illys. Lone recuou até onde conseguiu e enquanto as duas espadas se entrelaçavam em faíscas vermelhas na escuridão ele desferiu um chute na perna esquerda de Illys e rodopiu pelo canto direito de Illys em uma esquiva digna de um cavaleiro. Quando se menos esperava Lone já estava em posição de batalha novamente com sua espada pronta para o próximo golpe. Illys virou bruscamente rodopiando a espada, as pessoas já começavam a sair dos casébres para ver o que acontecia, crianças gritavam com as mãos para cima como se fosse um espetáculo. Lone parecia dançar com a espada na mão, se esquivava com facilidade e cada golpe de espada que defendia logo se transformava no seu golpe de contra-ataque.
- Moleque acha que pode me enganar assim, meu ouro é sofrido e agora tenho flechas que não servem para matar nem esquilos! - Illys reclamava sobre as flechas que Lone havia trazido da aldeia dos Morthis, Lone nada entendia de flechas, apenas as comprava quando lhe era pedido. -.
- Não fui eu quem as fabriquei bode velho, devia meter essa espada no mercador que me vendeu! Você não teria mercadoria ruim se você mesmo tivesse ido buscar, agora saia da minha frente antes que eu decida deixar de pegar leve com você.
Era mais do que claro que Lone não estava nem se esforçando para lutar com Illys, tudo que eu tinha que fazer era sentar e assistir o espetáculo com a garrafa de hidromel na mão.
Illys enfurecido pela humilhação de estar sendo derrotado por um jovem de dezenove anos , ergueu sua espada e partiu para cima de Lone novamente, foi quando ouvimos o som estremecedor de uma voz distante, a voz que regia a aldeia.
- Parem com essa balbúrdia! não somos um bando de selvagens , querem resolver suas intrigas, que façam isso bem longe de nossa aldeia. - o Velho disse com sua voz firme , estava apoiado em sua espada velha usando-a como bengala , em sua outra mão havia seu cachimbo tão grande quanto sua enorme e espessa barba branca.
Lone e Illys logo embainharam suas espadas e abaixaram a cabeça para o Velho.
- Illys, volte para cabana de sua família, que eu saiba você tem uma caçada para preparar.
- Sim meu senhor. - Illys deu meia volta e lançou um olhar para Lone que provavelmente era uma mensagem de que aquilo não havia acabado alí.
- E Lone, terá de se explicar comigo, mas, depois, agora preciso falar com Ben. Vá para a casa e esteja aqui amanhã. Ora ora, um ancião não tem mais sossego nos dias de hoje.
O Velho acenou com a mão chamando-me para dentro de sua cabana.
Dentro da cabana sentei me perto da fogueira que havia no meio, uma panela estava borbulhando com algo que parecia ser um ensopado. O Velho sentou-se na sua grande cadeira, com várias lãs de ovelha cobrindo a cadeira. Ele se sentou calmamente apoiando -se sobre sua espada, uma bela espada com detalhes dourados e serpentes esculpidas, seguidas por uma bela gema vermelha, um rubi talvez, mas não era muito útil como espada mais, a espada que antes havia sido usada nas batalhas dos antigos agora era uma simples bengala de um velho conselheiro de uma aldeia qualquer.
- Ben, você tem sido um bom rapaz desde que seus pais morreram, tem feito um bom trabalho com seu avô ajudando ele na fazenda. Falando em seu avô, por favor abra logo essa garrafa de hidromel, oh céus, estou com tanta sede que parece que não bebo nada há dias, talvez seja a velhice me dizendo que já é hora de partir.
- Não diga isso Ancião, o senhor ainda há de viver muito!
- Oh, por favor Ben, não me chame assim, não passo de um velho que tem sonhos esquisitos durante as noites e os interpreta como me provém. Chame-me de Arbenor como de costume.
- Sim, meu senhor.
Eu abri a garrafa para o Velho e servi o hidromel a ele, achei muito estranho o Velho me dizer para chamá-lo de Arbenor, pois na verdade ele nunca me dissera para chamá-lo assim vez alguma. Ele bebia o hidromel afobadamente, realmente parecia estar sedento por algo que molhasse sua boca.
- Ben, meu jovem. Eu sei que a aldeia parece ser um lugar calmo para se viver, todos nós temos nossas tarefas e parece ser claro que todos estão felizes e contentes com suas famílias. Mas você Ben, você não está feliz.
- Mas Ancião , é claro que estou feliz.
- Ora Ben, não me chame assim. Arbenor é o meu nome. Ben você sabe mais do que qualquer um que possa te dizer isso, sabe mais do que um velho como eu que você não nasceu para essa vida de aldeão.
- Senhor, eu estou feliz, não compreendo o que quer dizer, foi algo que fiz durante a troca na aldeia dos Morthis?
-Ben, você não pertence à aldeia. Você tem o mesmo olhar de seu pai, você anceia por algo maior, por conhecimento que nem eu nem ninguém da aldeia jamais pôs as mãos. Há grandes aventuras lá fora e lugares desconhecidos esperando para serem desbravados por jovens como você,jovens como Lone,como Irvin. Suas habilidades não se limitam a piadas, caçadas ou trocas mercantes, isso é está tão claro quanto as águas de Davenos.
- Mas, Senhor, eu gosto da vila, aqui é o meu lar e... Senhor, quero me casar com Dianne! eu a amo desde sempre e quero toma-la como minha esposa. Quero continuar com a fazenda, cuidar de meu avô e manter a tradição de nossa família.
O Velho me olhava com uma expressão de dúvida, não sabia o que ele estava pensando, nem onde queria chegar com toda essa conversa, não era nenhum aventureiro, nem um bom guerreiro e muito menos acreditava que algum dia manejaria uma espada tão bem quando Lone fazia.
Arbenor levantou-se indo até o seu pequeno baú que havia perto de seu roupeiro, abriu o baú, e de lá tirou uma pequena bolsa. O Velho veio em minha direção chacoalhando a bolsa, eu ouvia o som de moedas a cada balancear, mas , não sabia para que elas ajudariam nessa conversa.
-Ben...- exclamou Arbenor - aqui tem ouro que creio ser suficiente para um momento de necessidade. Pegue-o e guarde no bolso de sua túnica, deixe a túnica perto de sua cama sempre antes de dormir.
- Mas senhor?...
-Não me pergunte nada,ninguém há de saber o que acontecerá nos dias que virão , voçê pode precisar desse ouro. Agora lembre-se, você merece algo maior, há muito além da província de Davenos do que imagina, e nunca saberá se não desbravar o desconhecido. Agora volte para sua cabana, você precisa consertar seu telhado amanhã cedo, afinal se quer casar-se com Dianne precisa de um lar que não deixe chover em suas cabeças.
Eu peguei a bolsa de moedas, enfiei no bolso mais fundo de minha túnica e fui para minha cabana.
No caminho refletia sobre as palavras do Velho, tentava entender toda aquela história de aventuras e de que eu não pertencia a aldeia, oras, o que diabos o Velho tinha na cabeça? Talvez realmente isso seja culpa de sua velhice, o velho provavelmente estava ficando maluco. Tudo que queria naquele momento era deitar em minha cama e descansar da viagem. Amanhã seria outro dia.
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